segunda-feira, 2 de julho de 2012

Tecnologia X Cabelos Brancos

Dias atrás, ao ler um anúncio deparei-me com uma frase, que ficou rondando minha cabeça dias e dias;
“Velhice da vida, não importo-me. Quero mesmo é viver intensamente, com meus cabelos brancos e sem butox"
Esse popular fenômeno da humanidade, de acordo com a ONU, em 2050, um em cada quatro brasileiros será idoso. Hoje, os idosos ou velhos, são uma parcela da população que mais cresce no Brasil.
Enquanto antigamente, atingir a terceira idade era uma proeza de poucos, até meio século atrás, às expectativas de vida beiravam seus 50 anos. E hoje, é cada vez maior o número de pessoas com 80, 90, 100 anos. Já acontece de em alguns casos, já cogitaram a “Quarta Idade”.

Lembro-me de um tempo antigo;
Cresço com lembranças que nunca tive;
Ando pelas ruas, trocando a poeira pelo pinche e um pouco de areia.

O passado que hoje não recordo-me, deixo no ar entre ventos e contos dos mais velhos, representados entre um jogo de cartas no final de semana, entre uma brincadeira de guri, ou algo que traga apenas meu pai mais perto de sua infância, ou tão longe quanto à marca de seu conhecimento.
Desenho em pedaços de papeis, uma mapa com ruelas e becos tão pouco vistos.
Rabisco entre um papel ofício e um papiro comido pelas traças. Entre a troca de informação e consciência da vida.

A velhice a olho nu, inibe o mundo em que vivemos, hoje, a preocupação dá-se com a tecnologia;
Mas não com essa tecnologia, entre máquinas e outras facilidades digitais. A preocupação do butox.
Olhar um idoso com o seu rosto repleto de rugas, deixa-me intrigado, pensando como foi sua infância, como foi seu amores, seus estudos, difícil juventude com um luxo de uma classe média mais do que alta? Não prefiro lembranças desse passado.

Ao testar a felicidade, chego a conclusão que não importa a idade, os cabelos branco, ter ou não ter cultura, o que importa é estado de espírito. Estar feliz com sua idade requer paciência e, consequências da vida.
É bom poder parar, relembrar de sua infância,  
reencontrar a felicidade juvenil, renascer para coisas simples e agradecer por hoje estar aqui, lendo e também contando cada detalhe destes cabelos brancos e com sorriso acabara por costurar apenas mais uma ruga.




sexta-feira, 29 de junho de 2012

Entre ser o Único de todos

Todos os dias, horas, minutos, segundos e questões de milésimos, o ser humano ainda não compreende – na pior das hipóteses não querer compreender – o espírito de um grupo ou apenas a coletividade do dia a dia. Não enxergar vantagens e benefícios em um trabalho de grupo, não ter o tato de: “fazer o bem sem olhar a quem”.
A seleção natural criada por Charles Darwin, afirma que evoluções derivadas da genética, fluxo gênico e pressão de mutação, pode sim, reduzir as características desfavoráveis que são hereditárias, tornando-as menos comuns. Assim, características pessoais modificam esses processos desenvolvendo características adaptativas mais e mais complexas.
Individualismo: Um processo político, moral e social que passa ser a frente de um grupo da sociedade e também ao Estado. O individualismo para o “Homem Renascentista”, passou a desenvolver-se como uma competição entre seus pares, por talento, capacidade e ações individuais.
Segundo Jean Paul Charles Sartre – Metafísico e Fenomenologista – o “exercício” da liberdade individual, fez com que as pessoas diferenciem-se uma das outras, através de uma simples escolha.
Coletivismo: Denominam como um sistema social com boas produções e consumos igualitários entre membros de uma mesma coletividade.
Um pouco confuso; procurar “boas explicações” para a coletividade torna-se cada vez mais crítico. Frederick August Von Hayek – Economista – publicou em seu livro “O Caminho da Servidão” de 1994 – traduzido em vinte línguas – que o coletivismo é considerado uma submissão do ser humano, pois, não ter autoridade para tomar decisões torna o ser humano menos capacitado.
A maneira em portar-se junto ao grupo, ou como “uma única” pessoa, passa por cima de todas as teses já apresentadas e já questionadas, tanto por Darwin , quanto aos “críticos da vida”.
O ato de solidariedade é simples, rápido e prático. Fazendo com que isso, traga-nos o retorno que não buscamos. Traz a simplicidade que estamos à procura todos os dias, quando acordamos, tiramos a preguiça de cima, banhamo-nos, tomamos café, folhamos o jornal e por aí adiante!
Ao chegar no final do dia, procuramos acertar, não esquecendo que estamos, ou melhor, precisamos sempre de uma companhia. Alguém que possa estar ali para te ajudar na situação difícil. Muitos apegam-se em crenças e religiões, outros nem tanto, preferem o seu isolamento deixando de lado o coletivismo e contato com a individualidade à flor da pele.
Acima de leis ou teorias, continuamos buscando assim o problema de todos nós seres humanos; companhia, zelo, respeito e reconhecimento.



sábado, 19 de maio de 2012

De 80 para cá!


Cada dia que passa, mais tenho certeza que nasci na época errada.
Sei que meu pai e minha mãe não tem culpa nisso – poderiam ter agilizado o processo – pois, sou um viciado, um dependente, um nostálgico assumido dos anos 80!
Fico intrigado com questões da evolução, não só da vida, mas das tecnologias e quesitos musicais da atualidade; colocando em uma balança, tecnologia, evolução, pensamentos e música;
Hoje, quando pego o celular para fazer um “chek-in” em um restaurante, sinto que às pessoas ao redor ficam “impacientes”, elas estão ali pela minha companhia e não pelo “Like” na página depois.

Penso nestas tecnologias e suas evoluções: Bill Gates e Steve Jobs, primeiro e únicos nomes que me veem na cabeça.
Em âmbito musical, remeto-me junto com minha cabeça anciã direto para época dos anos 80.  A  certeza que é a década efetivamente melhor – musicalmente falando – e também  por ser a evolução do bom “Rock Brasileiro da década ”, considerado como pop rock nacional.
Um movimento revolucionário que agregou também características variadas como: New Wave, Punk e claro o próprio conteúdo pop emergente do final da década de 70.

Não esquecendo ou desmerecendo os outros ritmos tais como o reggae e a soul music.
Músicas que embalaram e embalam os “corações” na maioria das vezes com seus amores perdidos ou bem sucedidos, também temáticas sociais no âmbito nacional.
Esta música da época me identifica, pois, a capacidade de falar e expressar-se em apenas uma partitura e rabiscos, sendo letras bobas e infantis, sendo letras sérias e com a facilidade de compreensão, com uma música fora do normal em abordar temas de um “peso emocional” ou “apelo político” exagerado.

Cabelos armados ou mesmo curtos para as gurias, gel, roupas coloridas e extravagantes para os guris e a unissexualidade de tudo isso, uma herança tomada por Glam Rock de Marc Bolan, David Bowie e seu “discípulos” como Kiss e The Cure.

Ando pelas ruas de Viamão, e me vem à cabeça, a Banda Blitz, começo a cantarolar “Você Não Soube me amar” de 1892 – mas não esta versão de Blitz da atualidade – versão arcaica, com Evandro Mesquita e Fernanda Abrel, esta sim era a Blitz!
Lembro-me do meu pai, sentando, ensinando-me as primeiras leituras de uma partitura.
“Mano, antes de começar a tocar, tu precisa entender o que é a música. Antes de ler uma partitura precisa entender do que ela é composta”.
Palavras que tiro de lição até hoje, não só em questões “sonoras”, mas também para vida. Música, tecnologia e a vida, resume-se em: estudar, praticar e executar.

Paralamas do sucesso, Kid Abelha, Barão Vermelho entre outras, são bandas que até hoje estão aí, não deixaram de mostrar seu excelente trabalho junto à música. Não sendo influenciado pelo “modismo” deste século!
Os poemas cantados de Cazuza como em “Maior Abandonado” e “Bete Balanço”, o rock mais pesado do Ira com “Envelheço na Cidade e “Tarde Vazia”, a criatividade de composições engraçadas e debochadas do Ultraje a Rigor como “Inútil” e “Ônibus”. Os gaúchos não deixaram por menos, Nenhum de Nós que nasceu – se não me falha a memória em 1987 - com aquela versão de Thedy Corrâ no contrabaixo e vocal, Engenheiros do Hawaii lembram-se? Humberto Gessiger com aquela vasta cabeleira.

Enfim, estas são minhas recordações de uma época que não vivi, mas tenho certeza que fazem parte do meu dia a dia.
O que espero da música de hoje? Não sei, na verdade, não sei aonde ela está, apenas consigo lembrar desta época que descrevi.


sábado, 10 de março de 2012

As Tatuagens


Estou aqui escrevendo sobre a decepção que tive sobre um dos melhores médicos, J.J. Camargo,  em sua “escrita” na Zero Hora de hoje, sábado 10 de Março de 2012.
J.J. Camarco escreve um texto com fins, ou melhor sem fins. Tenho por uma experiência própria, que tenha algo voltado para lado da Publicidade do renomado médico, não sei se queria uma repercussão em seu nome, espero que ele não queira “semear a discórdia “, mostrando ali entre linhas um preconceito barato de uma mente que estudou tanto;

Vou escrever por tópicos, para aqui ficar esclarecido o ponto de vista;

1 – Primeiramente, meu caro Dr. sim, as tatuagens são milenares; em 1871 Charles Darvin escreveu um livro chamado “ A descendência do Homem “ – todos deveriam ler, livro excelente -  o qual afirma que do Pólo Norte à Nova Zelândia não haviam aborígenes que não se tatuasse, para entender o conceito de “multinascimento” , alguns críticos supõe que a tatuagem estava na bagagem das grandes migrações dos grupos humanos e por isso passou de um povo para o outro, através da “ arte – pré histórica “ podemos encontrar vários vestígios de povos que cobriam o corpo com vários desenhos e vários exemplares de arte rupestre. Após lutas corporais  e caças, os pré – históricos marcavam com orgulho sua pele em forma de expressões naturais de força e vitória.
Assim negando a afirmação da coluna do Dr. que diz: “  E isso desde tempos remotos, quando gerações primitivas praticavam verdadeiras automutilações para lograrem uma imagem que era tão mais festejada quanto mais bizarra e chocante “

2 – “Algumas mulheres, lindas e solenes como devem ser as lindas, batem o ponto com uma florzinha discreta na nuca, só visível quando, cheias de charme, enrolam os cabelos sob a aparente alegação, sempre falsa, de calor no pescoço “  - J.J. Camargo
Todas mulheres são lindas, com ou sem tatuagens, cabelos grandes ou curtos, de cor branca ou preta, de pele macia ou áspera, com ou sem perfume, mulher Dr. é digna de respeito, sem elas não estaríamos aqui. Com ou sem batom, todas são lindas.

3 – “Logo depois desfilam os ingênuos e os imprudentes, que tatuam declarações definitivas ao amor, esse sentimento marcado pela efemeridade. Como manter o entusiasmo sexual do Raul se logo acima do cóccix há uma jura de amor pelo Duda? “ – J. J. Camargo
Meus caros, a forma de tatuar frases, desenhos, imagens, revela a personalidade de casa pessoa. O que então, meu caro Dr. poderia falar sobre às mulheres frutas? Sobre silicone? Sobre obesidade? Sobre drogas? É ! teria que escrever mais 4 colunas.

4 – Quem tatua – se, não sofre de nenhum problema psicológico menos ainda de autoestima; pelo contrário, a beleza externa não nos tornará um ser humano melhor,  pois, a aparência das pessoas não está relacionada com o conteúdo interno do corpo – isso os médicos entendem  – o nosso coração é quem coordena às nossas ações.

5 – “ ... Até os que praticam a aberração de tatuar o corpo inteiro, que dá aquele aspecto grotesco e repulsivo, e que desafiam os psiquiatras de plantão a tratar uma falência tão absoluta da autoestima. / “O que é certo é que todo o tatuado ignora uma verdade absoluta e irrevogável: ele vai envelhecer! “ – J.J. Camargo
“ Aberração de tatuar o corpo inteiro “ , infeliz nesta colocação.
Todos nós iremos envelhecer, independente de ter ou não uma tatuagem. A velhice acompanha aquele que sabe viver. Esporte, alimentação, saúde , isso sim teríamos com que nos preocupar. A saúde do nosso Brasil, está lamentável. Postos de saúde precisando desta “apresentação” para que a sociedade dê realmente importância para aquilo que interessa. Minhas tatuagens, não interferem a minha velhice, me orgulho de cada diz sorrir e assim costurar mais uma ruga.

6 – “ Pensei nisso observando na fila de um banco. Um velho hippie que provavelmente na flor da juventude, lá pelos anos 70, tatuou um jaguar nas costas e uma declaração de amor no peito. Triste ver o bichano acocorado pelo enrugamento da pele. E quando ele se virou, me dei conta que a sua musa vai ter que se contentar com uma mensagem cifrada. Várias letras sumiram nas pregas da velhice. Tomara que a amada ainda seja a mesma – e que tenha boa memória. “ J.J Camargo
Este “ velho hippie” que pelos anos 70 tatuou-se, não deveria mesmo ter motivos.

ACONTECIMENTOS DOS ANOS 70:

21 de junho de 1970 - Brasil tri-campeão da Copa do Mundo de Futebol, realizada no México;
1975 a televisão em cores começa a se tornar popular no final dos anos 70;
25 de abril de 1974 - Revolução dos Cravos em Portugal acaba com o regime militar no país;
15 de março de 1979 - o general João Baptista Figueiredo assume a presidência do Brasil;
1973 - Crise mundial do petróleo;
Março de 1970 - Depois de muito sucesso, acaba a banda de rock Beatles;
Fizeram sucesso nos anos 70 músicos brasileiros: Gilberto Gil, Roberto Carlos, Caetano Velos, Elis Regina, João Gilberto, Gal Costa, Tom Jobim, Erasmo Carlos, Rita Lee, Chico Buarque, Clara Nunes, Jair Rodrigues, Jorge Ben Jor, Raul Seixas, Tim Maia, Vinicius de Moraes;
Fonte: www.suapesquisa.com.br – Os anos 70.

É! Realmente o “ velho hippie “ não teve nenhum motivo nos anos 70.

Por: André Luiz Siegle Fraga / fragaandre.blogspot.com / fragaandre@gmail.com 

sábado, 5 de novembro de 2011

Caderno da Verdade



Há tempos atrás, um amigo que nunca mais tinha visto (na verdade eu nem lembrava), Vincentino, me mandou um e-mail, com a seguinte escrita: “– Eai meww beleza? Mexendo aki nos meu bagulho  aqui na baia para minha mudança, encontrei uns cadernuu d verdade da turma 53, AFUD#@$%  né meww ..”
Bom! Na hora, quis responder e pedir para ele voltar à quinta série!
Mas depois, como sempre, me remeti ao passado de uma forma, mais que anormal;
O “Caderno de Verdades da Turma 53” era um simples“ caderninho” que nós alunos, deixávamos os relatos do dia a dia. Éramos uma “cúpula”: Vicentino, Mariene, Pablo, Géssica e eu.
Escrevíamos lá, todas as passagens do dia, brigas e intrigas, discussões com professores em sala de aula, risadas e suspensões curriculares, que era o normal deste quinteto.
Eu era responsável pela organização do “caderninho”. Cada um intimado para uma atribuição.
Todos os dias 5 de cada mês, eu “batia o ponto” no bar de seu Zé, “apontava as orelhas” na frente de seu “bolicho”, ele já pegava um novo caderninho. Comprava sempre o mesmo “modelo” para repor, linhas azuis clara, marcação de margem em vermelho em tamanho único.
Neste momento, quando às memórias vieram à tona, respondi o e-mail para Vicentino, pedindo para ele encaminha pelo correio os  “caderninhos” até minha casa.
Passaram-se dois dias, e ali estava. O “Caderno de Verdades da Turma 53”, com minha letra ainda débil, com pouca clareza na escrita. Mas já sabíamos o poder do desabafo, quando passamos para quinta série.
Éramos independentes; os pais não nos levavam mais ao colégio; tínhamos amigos, confidentes e até namoradinhas.
Mas o que não me dei conta, creio que Vicentino também não, foi que ao folhear aquelas várias páginas de todos os 29 “caderninhos”, ali estavam retratadas a nossa história, ou melhor, ali estava o passado dos “guerreiros da turma 53”, e quem sabe o nosso futuro.
Então, folheei, folheei... Querendo encontrar algumas de minhas últimas escritas;
Gostaria sim de ler e relembrar o que eu escrevia com aquelas letras trêmulas da idade juvenil, com ortografia rabiscada e com hormônios à flor por conta da puberdade.
Então, quando já estava no fim do último “caderninho”; três folhas rasgadas. Fiquei pasmo! Talvez ali estivesse toda a descrição de quem nos tornaríamos no futuro.
Passei as folhas rasgadas e, então, li algo que me deixou mais assustado. Estava escrito:
Luiz Vaz de Camões:
“... Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando- se com vê-la;
Porém o pai, usando de “cautela”.
Benjamin Franklin:
“Todos gostariam de viver muito, mas ninguém gostaria de envelhecer“.
Shakespeare:
“Os covardes morrem muitas vezes antes de sua morte; os valentes morrem uma única vez“.
James M. Barrie:
“O segredo da felicidade consiste não em fazer o que se gosta, mas sim gostar do que faz“.
Eduardo Rodrigo Ribeiro:
“Viver é sentir saudades“.
W.R. Inge:
“Preocupação é um juro pago antecipadamente“.
Rapidamente pensei; - “Será que Vicentino tornara-se um poeta? E quis livrar-se de suas lembranças?”  Não, não poderia, o doido do Vicentino?
Seria então, Mariene? Mas ela na sétima série foi morar fora do país com sua irmã gêmea Géssica. Pablo? Não! Hoje ele trabalha como atendente de telemarketing;
É, no fim, nunca sabemos o que nos espera o tal do futuro!


Por: André Luiz Siegle Fraga / fragaandre.blogspot.com/ @fragaandre


sábado, 22 de outubro de 2011

O Tempo Engatinha


Lembranças de nossa infância, vão e vem.
São como nuvens em um dia de sol.
Acompanhamos o “rodeio” delas, às nuvens desenham em nosso olhos, cavalos, casas, lembranças e todas esperanças.
Lembro – me quando ao voltar da aula de matemática, eu com meus 09 anos de idade, sem preocupações com o futuro, sem contas à pagar, sem pensar em constituir família, apenas com o carinho de meu lápis e meu caderno de anotações. Ficava, “namorando” o dia. Sentado na grama da casa de meus avós, esperando qualquer movimento, ou qualquer aborrecimento  por eu estar sentado ali.

Dona Maria, minha vó, cuidava com zelo de suas rosas. Eu subia no muro e ficava a admirar ela, com um regador, uma tesoura e adubo – ali ficava – Sr. Alfredo passava todas às tardes na rua em uma carroça, o cavalo magro puxando e o seu Alfredo ali. Parava a carroça, olhava para minha vó, e à fitava: - “ Boa tarde Dona Maria, suas rosas estão cada dia mais lindas, assim como as quem cuida delas. “
Todo o dia, eu ali balançando às pernas em cima do muro, pensando a hora em que meu avô iria abrir a porta da frente, e pegar o “carroceiro” com a boca da botija, elogiando minha vó. Aí sim, teria algo mais emocionante para escrever em meu caderno de anotações, do que o movimento das nuvens.
Lembrei também do José, ou Zé do Marmelo, como nós os guris chamávamos o nosso amigo, que sempre no mesmo horário, corria para dentro de casa, pois, sua mãe Dona Rosário,subia a rua com uma “vara de marmelo” e bradava: “ Tu quer ficar jogando bolita na rua? Tu não é maloqueiro, vai ver o que te espera “

Sempre escrevia em meu caderno de anotações à noite, as piores coisas que poderiam ter acontecido com o Zé do Marmelo, lembro – me, que antes de terminar os nossos jogos de bolita diários, todos nós os jogadores, íamos até o portão da casa do Zé do Marmelo, tentando escutar algum sussurro, ou mesmo, algum grito de socorro, mas nada! Nenhum barulho. Apenas uma corrente no portão. E o Zé lá, entre as frestas da janela, a nos cuidar.
Cai à noite! Minha irmã, deita – se ao meu lado no sofá da sala, limita – se o perímetro para os meus pais também sentarem. “Cheiro das panelas”  na cozinha, sambam pela casa... logo me recolho, pego às bolitas, guardo -as na cômoda ao lado da cama. Minha irmã, arruma a mesa para o jantar. Ao fundo: “ ótima refeição” – meu pai desejando à todos nós na mesa.
Ritual de criança, levantar – se da cadeira, após o jantar, ir direto para o banheiro, escovar os dentes e cama!
Pego meu caderno de anotações e escrevo;  “ Por favor Deus ajude o Zé , para que Dona Rosário não bata nele com o marmelo”.
Porque escrevi isto?
Hoje, abri a janela da frente de minha casa, e quem eu vejo?
Ele, o Zé do Marmelo!
Mas hoje como José Carlos, professor de Biologia, sentado na grama de sua casa, a brincar com seu filhos gêmeos. Jogando bolita, nome de seus filhos: André Luiz e Jose Carlos Júnior.

Na mesma hora, retornei ao meu quarto, abri as portas do armário, “entrei” nele, e encontrei algo mágico, minha caixa verde, com todas minhas bolitas da infância. Então, atravesso a rua, vou até José Carlos e assim dividi às bolitas entre André e José.
Naquele instante, tenho certeza que o Zé do Marmelo ali com os gêmeos, lembrou de todos os nossos “jogos amadores” .
Ao anoitecer, quando fui fechar a janela, vejo Zé do Marmelo lá, na varanda de casa, com um lápis e um caderno de anotações.  Deve também ter recordado a sua infância.

Por: André Luiz Siegle Fraga / fragaandre.blogspot.com/



sábado, 1 de outubro de 2011

Rock menos no Rio


Rock in Rio, um festival de música realizado e idealizado pelo empresário Roberto Medina;A “estreia” do festival foi em 1985. Originalmente organizada no Rio de Janeiro.Não sou muito bom de memória, mas uma de suas primeiras edições do festival fora do país, fora em 2004 ou 2005, em Lisboa ( eu acho ). Mas tenho certeza que a primeira edição em dois locais diferentes, ocorreu em Lisboa e Madrid, 2008.A grande fama do evento deu-se pelo fato de haver grandes músicos internacionais. Como eles não tinham o “costume” de vir para América do Sul, Roberto Medina proporcionou este grande presente, podendo ali, ter o primeiro, ou o único contato com um ídolo do rock – e assim enriquecendo a cultura. Entendo a posição da organização do Rock in Rio, em querer bandas “americanizadas”, sei que isso gera o grande marketing. Mas não aprovo. Penso que Rock in Rio, primeiramente, é rock, não pop, não jazz, não soul, não axé.Já imaginaram em um “trio elétrico” na Bahia, os “Ratos de Porão”? Todos de abadas pretos com detalhes em caveiras! Seria interessante.O Rock in Rio,  teria que parabenizar o rock, uma oportunidade para bandas do grande rock brasileiro: Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Ultraje, Acústico & Valvulados, Biquini Cavadão, Titãs entre outros.No primeiro festival em 85,  Os Paralamas do Sucesso foram considerados como a grande revelação do festival, promovendo assim o seu segundo disco (o bom e velho bolachão) “Passo do Lui”. Foram convidados de última hora pela produção do festival, sem banda de apoio, sem poder construir um cenário, o show deles, ou melhor, o cenário, foi apenas, um vaso com água e uma palmeira. Aí está a questão!Porque não dar valor os brasileiros? Não vou filosofar, nem “demagogiar” como muitos.A revista Veja fez uma matéria rica. Rica no sentido de informações... No sentido de futilidade do Rock in Rio. Informou as “exigências” dos camarins dos músicos. Aí me lembrei de 85 (não que estivesse lá), o acontecido com o Paralamas. Apenas um vaso com uma palmeira. Isso me intriga!A revista mostrou que, na quarta edição do Rock in Rio, em que  Guns N´Roses foi convidado, Alx Rose ( ou o que sobrou dele) foi o mais nojento, o mais babaca e mais chato. Trocava de humor a todo o tempo, se acordasse bem, seria um show memorável, se acordasse mal, bom, aí ferrava tudo. Roberto Medina contou que, nesta edição, vinte minutos antes de subir ao palco, a “gracinha” do Axl, disse que não iria apresentar- se, pois queria trocar de calça. Queria uma que o mesmo deixou no avião. Medina, diz que não gosta nem de lembrar do episódio, mas conseguiu contornar.Na verdade, Medina não conseguiu contornar, teve sim foi sorte, pois, o aeroporto de Lisboa fica a 20 minutos da Cidade do Rock.Se minha mãe gostasse de rock, e não de Calypso, teria certeza que ela iria dizer: - “ isso é falta de laço “Axl fez uma lista de exigências de quatro páginas. No cardápio, de comidas excêntricas a uísque. Não dos mais baratos, destes que compramos em supermercados,  tudo coisa de primeira linha, champanhe francês, uma marca de cerveja tcheca e outra australiana e seis pratos frios e quentes, para a banda escolher na hora.“Isso é falta de laço”!É!!! Coitado dos Paralamas!!! Será que após o show em 85, eles jogaram a palmeira fora?Mas, enfim, entre axé e pop, salvaram-se todos.


Por: André Luiz Siegle Fraga / fragaandre.blogspot.com/


sábado, 18 de junho de 2011

Momentos da Vida


Depois de longos três anos fora dos palcos, Lilia Cabral voltou na estréia da peça “Maria do Caritó”. “É uma responsabilidade estrear uma peça depois do sucesso que foi o Divã. Mas estou muito feliz porque esse é um projeto que acredito muito, esse é um personagem completamente diferente do que tenho feito. Me sinto no parque de diversões por estar interpretando Maria, com esse elenco e texto”, afirma a atriz. (comentário extraído do Jornal Zero Hora, do dia 12/06/2011);
Realmente Lilia Cabral encanta no palco, brinca com os espectadores, mostra todo o seu talento “palhaça”, com outros atores que fazem a peça ficar cada vez melhor. Uma peça que me encantou por suas verdades, uma história pura e verídica, longe das ficções e das tecnologias de Steven Spielberg.
A peça, escrita por Newton Moreno e com direção de João Fonseca, narra a trajetória de Maria do Caritó, uma “solteirona” e virgem perto de completar seus 50 anos, que quer descobrir a vida e se casar. Mas a família e a cidade não irão permitir que essa “quase santa” desça assim do pedestal. Para arrumar um marido, Maria realiza diversas simpatias.
“Maria do Caritó” , não é apenas uma peça qualquer, ela nos remete a vários questionamentos;
Questionamentos diários, bem como o da vida, amores, paixões e uma única pergunta que todos querem a resposta assim que assistem a peça é de: Até onde vai tua fé?
A “Maria”, que Lilia Cabral interpreta, é uma mulher cheia de sonhos: príncipe encantado, amores fervorosos, casamento, a noite que irá perder sua virgindade, tudo isso flutua nos pensamento de “Maria do Caritó”, ela nunca deixou de ter fé que algum dia, mais cedo ou mais tarde , iria encontrar a pessoa certa para passar seus dias de casada.
Sentado naquela poltrona do teatro, tive mais os meus pensamentos voltados ao longe, do que na própria peça. Fechando os olhos e tentando me colocar no lugar daquela, ou daquela que por algum motivo não conseguiu alcançar o seu objeto ou está “galgando” um bom “lugar ao sol”.
Religiões e misticismos todos temos um pouco! A liberdade de expressão nos dá o livre arbítrio de podermos escolher nossa religião, nossa crença, nossa fé. Mas no fim das contas, tu é quem sabe no que pode acreditar, e em quem pode confiar;
- A fé, está dentro de cada um de nós.
- A fé, está em todos os nossos movimentos.
- A fé, está em todas as nossas ações, do acordar, ao ir dormir, na nossa rotina do dia-a-dia, em nossa boa colocação em uma maratona, em poder nos superar no trabalho, até mesmo em fazer um jantar para quem amamos.
Essa fé que precisamos, está dentro de um lugar que todos podem tocar, que todos podem sentir, e que todos irão ter, a esperança de um dia após o outro.

sábado, 11 de junho de 2011

O dia para os Namorados


O amor pode acabar no dia dos namorados?

Ou você se dá que não ama mais no dia dos namorados?
Quanto tempo passa entre as trocadas de olhares e o momento que tu repara nos defeitos do seu amor?Para o senso comum, a prova de fogo vem na "crise dos sete anos". Uma expressão popular nos Estados Unidos diz que: - “após esse tempo,a
coceirinha, a "seven year itch", começa a incomodar o casal”.
Já acho que um psicólogo evolucionista chutaria que: “O prazo de validade” do amor gira em torno de quatro anos: - o suficiente para que o homem ajude a mulher a cuidar da criança, até que essa esteja apta a seguir por conta própria na tribo nômade (interessante essa!). Brincadeira!
Mas um levantamento feito em cerca de 10 mil residências nos EUA pela Universidade de Wisconsin encontrou um tempo de duração ainda menor do amor: três anos.
É o mesmo tempo apontado em estudo patrocinado pelo estúdio Warner Brothers, feito com 2.000 adultos no Reino Unido.
Foram comparados casais em relações curtas (menos de três anos) e longas (mais de três). No primeiro grupo, 52% afirmaram gostar das relações sexuais.
No segundo, apenas 16%.
É claro que, nesses estudos, amor e paixão foram considerados sinônimos.
Mas deixe para lá, os números e as estatísticas, o dia dos namorados representa muito mais.
Sei que namorados e namoradas, escolhem o melhor lugar para jantar, aprovisionam o seu financeiro, ligam para hotéis na serra, compram vinho (no frio), ou até uma viajem para agradar o(a) amado(a)!
Minha cabeça fecha um pouco para falar de sentimentos, mas lembro de quando era guri, uma carta que meu primo escreveu para sua “namoradinha” no colégio, foi a primeira vez que li algo sobre Mário Quintana, aí então, comecei a ler, e entender mais sobre o “tão desconhecido amor”:

Bilhete com endereço
Mas onde já se ouviu falar
Num amor a distância
Num (tele-amor)?!
Num amor de longe...
Eu sonho é um amor pertinho
Um amor juntinho...
E depois,
Esse calor humano é uma coisa
Que todos - até os executivos - tem.
É algo que acaba se perdendo no ar,
No vento
No frio que agora faz...
Escuta!
O que eu quero,
O que eu amo,
O que desejo em ti
É o teu calor animal!...
Mario Quintana

Profundo?
Então aproveite ao máximo a companhia do(a) seu(sua) amado(a), não deixe brigas e intrigas pequenas afetarem uma relação. Conversar é a melhor coisa que existe. Amar? Amar é conseqüência, o principal, é a cumplicidade e o companheirismo!
Feliz Dia dos Namorados

Por: André Luiz Siegle Fraga / @fragaandre / fragaandre.blogspot.com/



segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nossa política no ano de 2011

Jair Bolsonaro, te pergunto, porque, tanto ódio, tanta intolerância em relação aos seres humanos?
Eu sei bem que estudiosos, cientistas, psicólogos apontam; O que as pessoas mais combatem é justamente o que existe dentro delas.
“Não pense em julgar, antes de olhar para seu próprio umbigo” ( autor: A vida)
O moralista J. Hoover, que chefiou o FBI durante décadas, combatendo homossexuais e comunistas nos Estados Unidos, nunca confidenciou a ninguém, que em sua caserna, no seu quarto à noite, vestia-se de mulher.
Dos anos de 1920 até quase a década dos 1970, Hooven teve pretextos de defender a sociedade dos inimigos internos e externos, montou um gigante sistema de “fichamento” de toda ou qualquer pessoa que pudesse um dia exercer influência: artistas de cinema, movimento negro congressistas, jornalista e evidentemente, presidentes e homossexuais. Essa história toda de Hoover é fascinante não apenas por ele se vestir de mulher, pelo contrário, muito além disso, a arquitetura que ele montara em seu poder, aparece de forma bastante diferenciada e sofisticada de como funciona a realidade dos Estados Unidos.
A história de Hoover será interpretada por Leonardo DiCaprio, chegará nas telas do cinema. Recomendo à todos, mesmo quem nunca ouviu falar.
Agora, peguem os jornais da semana, uma “pipoquinha”, e assistam de camarote Bolsonaro. Esta sim é nossa realidade brasileira!
Jair Bolsonaro (PP); tem como de praxe em entrevistas e declarações, deixar algumas pérolas, e coleção de ataques aos direitos humanos. A última foi em um programa de TV (CQC – Band); “Nega – se ser racista, mas admite ser homofóbico, pois, racismo no Brasil é crime, homofobia não”.
Por favor!!!
E para os cariocas que votaram no deputado, fizeram uma baita de uma m. Peço mais uma vez, será que ninguém percebeu que estamos em outro mundo? Já foi o tempo de eleger alguém só por ele prometer “mundos e fundos” em uma propaganda eleitoral.
Agora não adianta ficarem lotando twitter e facebook com frases e dizeres de intolerância.
Antes de começarmos a cobrar, é necessário a nossa consciência! Do que vale eu dizer que o meu vizinho é “assim ou assado”, se tenho o mesmo exemplo no meu dia – dia e na minha própria casa?
O que queremos do nossos governantes hoje? Precisamos definitivamente virar esta página vergonhosa da história brasileira. Primeiro tendo uma comissão de verdade, depois precisa realmente alinhar o Brasil como resto do mundo moderno. Assim incluindo os direitos que nós brasileiros exigimos. Temas como saúde, infra-estrutura, racismo.
Casais de homossexuais, e negros, tem mais estabilidade que muitas pessoas com um “canudo” na mão, muito mais caráter e dignidade que muito deputado.