terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Vazio


O pensamento, é nosso aliado ou poderia ser uma simples lembrança do futuro?

Certos casos, certas horas, precisamos do vazio.

Lembramos do tempo em que brincávamos na rua, pés descalços, que comemorávamos quando faltava luz, jogávamos bola, brincávamos de amarelinha, sem se preocupar com o dia de amanhã!

Acordar, tomar café, ir ao colégio, estudar (sacrifício); chegou a hora do intervalo, sirene soou, aquela “correria” de criança, loucos por alguns minutos de alegria e de brincadeira com os colegas.

Lembro –me como se fosse hoje, agora, nesse momento!

Trajeto de casa para o colégio do colégio para casa, frases e pensamentos das mães. Que na época, não sei bem se isso já passou, ou para nós terminou, e se nossos filhos estão começando a ter. Ter aquela simplicidade de criança, a inocência do intervalo para correr, gritar, brincar. Espaço vago. Fim do intervalo!

Volto para sala de aula e em um piscar de olhos, regresso a minha realidade! Quem saberá o quanto é valioso o futuro? Quem saberá o quanto é preciso o ar? Quem saberá? Não será meu pais, menos ainda a professora da 5° séria que preocupa – se em deixar a turma quieta, em silêncio para dar seqüência na aula. Será o Joãozinho que está ao fundo da sala com os pensamentos no fim da aula? Está com uma folha de rascunho em mãos, esperando o momento propício para deixar aquela folha aos pedaços, para montar a melhor e mais famosa “bolinha de papel”, para que? Sim, é isso mesmo! Para esperar a vítima, ou melhor, esperar o colega que se distrai com a lição nova no quatro negro. Fica estático com as novas palavras usadas pela professora, pelo conhecimento que não sabe se irá usar daqui para frente, então, Joãozinho faz sua parte. Amassa, amassa o papiro que tinha separado para uma das melhores partes a aula, o tiro ao alvo!

Tiro ao alvo, é a melhor matéria! Fundo de sala, com uma visão ampla de todos acontecimentos!

Queria poder parar com essa vontade de sentir vazio, vontade de ter o nada, de ter o tudo e poder pegar o amanhã.

As mãos leves, e rosto de paisagem, pensamentos? Que pensamentos? Apenas a sensação de querer voar, mais nada;

Pára Joãozinho, e lembra – se das palavras de sua mãe; que ironizava a sua má educação.

Não queria um filho sem um rumo, explicava o sentido do vazio, que todos nós precisamos. O tempo para ficarmos com nós mesmos, de poder sentir o algo a mais, o que falta para darmos vazão ao futuro.

Joãozinho alegava, que era novo, e não precisava de estudos, muito menos do tal ensinamento do vazio! A maternidade fala mais alto, a mãe, como se fosse uma grande lutadora de vale – tudo , explica que cada coisa tem o seu devido tempo e valor, sendo assim, o motivo de sentir o vazio é necessário. Necessário para o filho que está largando as fraudas, e começando a vida.

Poderia redimir - se? Ou simplesmente, não dar importância para ninguém?

Ao fundo toca Cazuza – Blues da Piedade !

“ Vamos pedir piedade/Senhor piedade, para essa gente careta e covarde,

Vamos pedir piedade/Senhor piedade/ Lhes dê grandeza e um pouco de coragem”


fragaandre@blospot.com.br / @fragaandre

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